23 de julho de 2011

+++ João Gilberto

          Antes de estourar com os primeiros compactos e LPs, João Gilberto fez uma participação no disco de Elizeth Cardoso, "Canção do Amor Demais", de 1958.

Elizeth Cardoso - Chega de Saudade (Tom Jobim/Vinícius de Morais)

  

          "A capa do disco não diz, o selo também não – mas o violão que se ouve logo na primeira faixa do lado A é de um rapaz tido, naquele ano de 1958, como muito promissor: João Gilberto. Canção do Amor Demais é citado em todos os registros sobre a música popular brasileira como um marco fundamental. Como um desses raros e básicos divisores de águas. Mas ele não é ainda o lançamento oficial da bossa nova. Não. Este LP é, antes, uma espécie de último ensaio geral antes do grande salto que seria a bossa nova. Poucos meses depois do ensaio geral que é este Canção do Amor Demais é que Tom, Vinícius e João lançariam oficialmente a bossa nova, no primeiro LP de João, de março de 1959, Chega de Saudade. A música “Chega de Saudade” (Tom-Vinícius), aliás, é justamente a primeira faixa do LP de Elizeth  Cardoso. E lá está, pela primeira vez em um disco que fez sucesso, a batida de violão diferente, personalíssima, que seria um dos símbolos do novo movimento. Lá está, por exemplo, a mesma flauta que abriria a faixa gravada pelo próprio João, meses mais tarde."

Elizeth Cardoso - Outra Vez (Tom Jobim/Vinícius de Morais)

     

          "Mas não são exatamente os mesmos arranjos que Tom criaria para o disco de João. Estes – aí, sim, já a bossa nova em sua forma plena – seriam mais simples, mais despojados de traços grandiloqüentes, como as grandes entradas de cordas presente no disco de Elizete. Neste Canção do Amor Demais, conforme observou o maestro Júlio Medaglia, no seu Balanço da Bossa Nova, publicado no Suplemento Literário de O Estado de S. Paulo em 1966, “o acompanhamento e a orquestração eram em geral sinfônicos e com instrumentação carregada. Note-se que o próprio Jobim, que orquestraria o disco de João alguns meses mais tarde, teria uma atitude completamente diferente ao trabalhar ao lado do ‘baiano bossa- nova’, evitando as soluções ‘melacrinianas’ de ‘mil violinos’ e ‘glissandos’ de harpas, recurso tão comumente empregados pelos orquestradores de rotina”."

Texto de Sérgio Vaz, AQUI

Elizeth Cardoso e João Gilberto - Eu Não Existo Sem Você (Tom Jobim/Vinícius de Morais)

Nenhum comentário: