2 de dezembro de 2011

Artigo: Deus e o mercado na terra do capital

Deus  e o mercado na terra do capital.  
                                                                       (Parafraseando Glauber descaradamente)

                                                                                                                                       Por  Gazú

“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.”
Mateus 6.19-21



          A sociedade de consumo que parte da raça humana idolatra e adora como DEUS moderno e que faz das aparências seu altar sagrado, é o vírus que está acabando com o que restou de vida solidária e  social da espécie  humana. Porque faz as aparências parecerem melhor do que o conteúdo das pessoas. Acredito que quando Moisés queimou o bezerro de ouro a milhares de anos atrás já estava prevendo a escravização dos  humanos ao DEUS MERCADO. Como o DEUS MERCADO seduz e vira vidas ao avesso? Com o brilho do “ouro” traduzido atualmente em aparências bonitas e vistosas sem conteúdo nenhum, ou melhor, as vezes até com conteúdo, mas escravizado às leis de mercado. Quanto mais oferendas se dá ao DEUS MERCADO, (juros altos, entrar no rotativo do cartão, usar cheque especial como renda, etc) mais oferendas o DEUS MERCADO exige para se fartar. E, quando o adorador já não tem dinheiro nenhum descarta o mesmo, colocando no SPC, e dizendo para todos : Taí mais um quebrado, taí mais um falido. Todos conhecem casos assim, pessoas que se desdobram para manter as prestações do carro, o seguro do carro, a manutenção do carro, a prestação da TV a cabo, os eletro-domésticos de primeira linha em casa, num culto extremo de adoração ao DEUS  MERCADO. E, quando vê  seus filhos já são adolescentes, sua mulher já arranjou outro companheiro, as prestações do carrão estão atrasadas, (e o banco vem buscar o carrão, e apesar disso ele continua devendo ao banco) a TV a cabo foi cortada por falta de pagamento, etc. Exemplos não faltam. Já o DEUS verdadeiro representado pelos livros sagrados de várias religiões não prega nada disso. Observe aqui que não estou falando dos mercenários da fé que da mesma forma adoram ao DEUS MERCADO disfarçados de DEUS ESPIRITUAL. A  citação bíblica no início do artigo é para chamar a atenção sobre  atualidade do texto e da capacidade de visão, de iluminação divina, que foi concedida a Mateus e a Moisés naquela ocasião, séculos atrás. O DEUS MERCADO não gosta de coisas simples e sem valor agregado. Um exemplo: Quando éramos meninos brincávamos com coisas simples, sem valor agregado. Talvez os únicos símbolos que agradavam ao DEUS MERCADO eram alguns brinquedos industrializados entre eles a bola de futebol. Coisas que geravam pouco negócios ao DEUS MERCADO. Hoje, as crianças se divertem individualmente com seus vídeo-games, seus computadores, TVs, ou com  um  produto licenciado por uma moça da TV, que geram milhões de dólares em valor agregado. Nossas brincadeiras eram simples, mas geravam sociabilidade, convívio com outras crianças, integração de raça e religiões. Não precisávamos de estatuto da criança e adolescente por que o estatuto se materializava em nossas mães que nos educavam e nos faziam andar do lado bom da vida. É claro que precisamos ganhar dinheiro, para viver nesta selva de pedra, mas não precisamos entregar a alma ao DEUS MERCADO.

Sobre o AutorJosé Luis Dias Gonçalves é Bacharel em Ciências Contábeis, militante cultural/social, conhecido pela alcunha de  Gazú

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